quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

Me, Myself and I


Passo bastante tempo sozinho. Sou um solteiro, adulto, morando só numa cidade grande(?). Afora companhias eventuais, isso me coloca em milhões de situações solo.

Houve um tempo em que isso me atormentou, assim como sempre são mostradas as pessoas sós nas novelas e filmes. Já sofri muito na companhia dela.

A ironia da palavra companhia acima utilizada não foi em vão. Foi justamente o que levei muito tempo para perceber. A solidão, ou seja, eu mesmo, me fazia (e faço) companhia.

Hoje, não fujo mais da introspecção, tão temida por muitos, especialmente na atual sociedade. Considero-a essencial para o auto-conhecimento.

Quando você imagina a figura de um sábio o que lhe vem à mente? Às vezes penso num filósofo grego e o imagino rodeado de alunos interessados, mas mais freqüentemente, imagino uma figura isolada no alto de uma montanha.

Foram estes momentos de contato com ninguém além de mim mesmo que me fizeram ter certeza de que a sociedade nos obriga a conviver e participar de um imenso discurso vazio de pessoas que não sabem ficar sós e que, portanto, não se suportam.

Já me senti pior que os demais por inúmeras vezes não me achar capaz de sociabilizar. Hoje é o contrário. Onde antes só havia incômodo, se fez encanto.

Eu por vezes me sinto cansado de, em nome do bom senso (seja lá o que determine isso), aceitar passivamente a loucura alheia. Absurdos constantes engolidos em nome da convivência, que sequer permite que sejamos nós mesmos.

Essa percepção machuca. E meu discurso e o de muitos não são bem quistos e causariam repulsa.

Pensar dói para quem não costuma fazê-lo.

Aprendi a ser só e gostar disso. Cada dia aprendo mais e gosto mais. Nem por isso desejo passar a minha vida sozinho, ainda quero ter alguém ao meu lado para dividir o caminho, ou parte dele. Também não vou virar um eremita e me enfiar numa caverna.

Só queria que cada um percebesse a dignidade possível em estar consigo mesmo. Assim talvez conhecêssemos uma sociedade mais autêntica.


O Destro

9 comentários:

Anônimo disse...

olá Destro,
Também sempre questionei e vivenciei de diversas maneiras a tal da solidão. Minha história de vida quase sempre me levou para um dia-a-dia solitário.

Como você, durante muito tempo sofri por estar sozinho, sem cia, questionava-me e culpava-me por isso. Mas aprendi a conviver comigo, e isto foi um dos aprendizados mais importantes da minha vida: me aceitar, me gostar, me admirar...(não, não sou narcisista, heheh)...e principalmente, gostar de conviver comigo! Sim, CONviver, pois muitas vezes somos vários, múltiplas personalidades...opiniões diversas...(não, não sou esquizofrênico, heheh).
Hoje convivo bem com a solidão física, o estar sozinho, gostar de mim, me questionar...

Mas ruim ainda é a solidão emocional.... putz essa ainda não aprendi a agüentar, quero ser amado, desejado, querido. Estou solteiro faz muito tempo e começo a me angustiar um pouco... a vida é boa, mas compartilhá-la é ótimo! Viver uma parceria com alguém é uma das coisas mais gratificantes da nossa existência!

Importante é sabermos estar sozinhos e acompanhados... primeiro para nos conhecermos melhor e depois para podermos compartilhar a vida com alguém.

Abração,
Fabricio

MaxReinert disse...

... cada vez mais busco caminho do meio... sem me entregar à extremos! .... sem me entregar ao velho eremita, nem ao fútil louco por qualquer companhia....

busco....

busco....

Wagner Marques disse...

È, homem tbm é sua introspecção, e nada melhor que ela p/ elevá-lo a sua condição de ser pensante...

Às vezes se encontrar na solidão, é melhor q se perder na companhia...

Abraço!

Anônimo disse...

Se todos parassem para olhar para dentro de si mesmos o mundo seria melhor, porque cada vez mais percebemos pessoas que não se conhecem e que fazem grandes burradas por causa disso, machucando a si mesmos e aos outros...lindo texto, parabéns...Dani Toscani

Anônimo disse...

E então a gente sai em busca não de alguém que nos complete, mas de alguém que nos complemente.

Aquela pessoa que é capaz de te deixar a sós sem sair do teu lado.

É difícil para as pessoas em geral entenderem que não existe outra metade. Ou se está completo, ou não se está. Quem procura metades acaba achando próteses e bengalas, que quando se vão, os deixam pernetas, sem saber como andar.

Eu sempre soube que tu não és um saco de ossos.

Saudades

Anônimo disse...

"Falando novamente em solidão, torna-se cada vez mais evidente que ela não é, na realidade, uma coisa que nos seja possível tomar ou deixar. Somos nós." - Rilke, em Cartas a um jovem poeta.

Normalmente não comentaria, sabe? É a primeira vez que venho aqui. Mas me veio esse trecho - aliás, o próprio livro fala muito de solidão.
Concordo com o que você escreveu, e o que me abriu os olhos pra isso foi "A solidão Amiga" de Rubem Alves, vou deixar o link, pra se você quiser ler: http://www.rubemalves.com.br/asolidaoamiga.htm

Enfim, eu estava vendo coisas sobre Teatro em Floripa e vim parar aqui! Você é daqui?

Desculpa pela invasão. Mas não resisti!
Beijo.

O Destro & O Canhoto disse...

Olá Mari. Somos dois amigos alimentando este blog. Eu (o destro) sou publicitário e moro em Porto Alegre. Meu amigo (o canhoto) é jornalista e ator e mora aí em Floripa. (se vc for nos arquivos do blog e buscar o primeiro texto... chamado DOIS vai entender melhor)
Obrigado pelo link. Vou acessar.
Volte sempre ;)

O Destro

Anônimo disse...

..."eu ando pelo mundo
prestando atenção em cores que eu não sei o nome...."

Rodrigo disse...

Eu também já sofri por conta da solidão, hoje em dia adoro ficar sozinho. Não que eu queira estar SEMPRE sozinho, mas entre uma companhia chata e a boa "companheira" solidão, escolho a segunda. É mais fácil eu me chatear estando no meio de um monte de gente desagradável do que estando só.
Saber conviver consigo mesmo é fundamental para que as pessoas sintam-se mais felizes. É bom que outras pessoas gostem da gente, nos queiram. Mas depender dos outros não dá, é preciso gostar de si mesmo também!

Abraços